Depressão, Tristeza, Melancolia
Diferenciar a doença "depressão" dos sentimentos de tristeza que a maioria das pessoas enfrenta lá pelas tantas, nem sempre é uma tarefa fácil. Por exemplo, a tristeza que uma pessoa sente ao perder uma pessoa querida não é uma depressão. Se, no entanto essa tristeza impedir o "funcionamento" normal no dia-a-dia ou então estiver causando um grande sofrimento, a coisa muda de figura.
De qualquer modo, esse estado é um sinal de perturbação no estado de harmonia e equilíbrio do organismo, que pode se cristalizar como uma doença ou permanecer em graus mais leves, levando a uma perda significativa na qualidade de vida.
Lembre-se que o estado de depressão ou tristeza não é um defeito de caráter ou de personalidade. Não é sinal de fraqueza. Não é falta de força de vontade para superar suas dificuldades, e ninguém fica deprimido como uma punição por ter feito "algo de ruim" - uma interpretação errada bastante comum.
Abordagem ortossistêmica
Não existe uma única causa para esse quadro, no geral é uma combinação de diversos fatores. Existem fatores psicológicos (como uma intensa reação à perda de uma pessoa querida, por exemplo), fatores do ambiente (como ter que enfrentar uma situação de convívio com uma pessoa muito doente ou um ambiente de trabalho muito difícil), fatores genéticos (que é a predisposição orgânica que cada pessoa traz ao nascer), fatores hormonais (como o baixo funcionamento da tiróide ou desbalanceamento de outros hormônios) e fatores bioquímicos cerebrais, nos transmissores químicos do cérebro.
Independentemente da causa, os sintomas de tristeza e depressão são um novo fator de agressão, formam um "estado tóxico" que retorna ao corpo como um novo problema. Como a pessoa encontra-se debilitada, esse novo problema em geral não encontra solução satisfatória, fechando um ciclo vicioso aonde os próprios sintomas pioram o problema inicial.
Assim, acreditamos que a abordagem ideal deva influenciar tanto nas causas que estão desencadeando o processo quanto nos seus sintomas.
O princípio é proporcionar ao organismo um estado de funcionamento tal que consiga interromper esse ciclo vicioso e dar início a um novo ciclo virtuoso, aonde sentimentos tóxicos sejam substituídos por emoções saudáveis e comportamentos benéficos (veja as sugestões para manter o otimismo mais abaixo).
Para tanto são utilizadas substâncias como aminoácidos, vitaminas, mediadores químicos cerebrais naturais, fitoterápicos e outras medidas de baixo potencial agressivo.
O que a depressão afeta?
A primeira área que a depressão afeta é o humor, que na maioria das vezes (mas não sempre) é experimentado como de tristeza, depressão, melancolia, preocupação e desesperança.
As funções corporais no geral estão comprometidas, e são comuns sintomas de perda de apetite e de peso (embora em algumas pessoas ocorra exatamente o contrário), dificuldade com o sono, seja por não conseguir adormecer, ser difícil manter o sono ou ainda acordar mais cedo que o habitual com grande dificuldade em voltar a dormir. Alguns poucos depressivos experimentam o inverso, um aumento nas horas de sono.
A energia, o interesse por sexo, a vontade e a iniciativa em realizar coisas diminuem ou desaparecem. A fadiga é muito comum, e podem aparecer sintomas como boca seca, náusea e constipação (ou às vezes diarréia). Algumas vezes aparecem dores misteriosas que parecem ir de um lugar para outro e desaparecem quando a depressão melhora.
As mudanças no comportamento podem acontecer para o lado da apatia ou agitação. Muitos evitam contatos sociais, mergulhando no isolamento. Algumas pessoas conseguem trabalhar normalmente, mas sentem-se terrivelmente deprimidas, outras, sentem enorme dificuldade em realizar as atividades do dia-a-dia, como tomar banho, vestir-se, comer ou trabalhar. Alguns tentam disfarçar o sofrimento com um sorriso postiço, mas que infelizmente não convence.
As pessoas que estão clinicamente deprimidas, ou as que são apenas mais vulneráveis à depressão, costumam excluir os acontecimentos positivos em sua vida e selecionam os negativos. No geral ficam literalmente ruminando as experiências ruins, que parecem "não sair da cabeça".
Também têm grande dificuldade em pensar no "longo prazo", em buscar prêmios e gratificações pelas suas ações no futuro.
Como suas emoções estão bastante comprometidas, preferem ter suas necessidades supridas de imediato. O resultado é que qualquer coisa que demore para acontecer demanda um grande esforço.
De modo geral, pessoas deprimidas são quase sempre perfeccionistas, acreditam que seu comportamento nunca é tão bom quanto gostariam que fosse. Avaliam suas ações com tal nível de exigência que tornam quase impossível alcançar suas metas.
Tendem a avaliar seus resultados em termos de "tudo ou nada", ou seja, ou o comportamento é absolutamente perfeito ou é um completo fracasso, e com grande freqüência colocam padrões de exigência tão elevados que se torna praticamente impossível atingi-los. A sensação quase que permanente de culpa acaba sendo muito comum. Também tendem a se gratificar de modo insuficiente. Se cumprem o que se comprometeram a fazer, isso significa que nada mais fizeram que não a obrigação, muitas vezes interpretando erroneamente o reconhecimento de seus méritos como "orgulho" ou coisa semelhante. Se não conseguem, logo se punem.
Essas punições em geral são administradas a si mesmas de modo excessivo. Assim, não é de estranhar que pessoas depressivas evitem qualquer coisa, já que seus padrões são muito exigentes, se alcançados provocam pouca recompensa, e se "fracassados" (ainda que isso signifique um sucesso parcial) são severamente punidos.
Por fim, pessoas deprimidas tentem a atribuir erroneamente a origem de seus sucessos e fracassos. O sucesso acontece por conta do acaso ou por ações de outras pessoas, enquanto os fracassos são no geral atribuídos a si mesmas. São comuns também pensamentos de morte e morrer.
Depressão e pressão continuada
Os agressores do dia-a-dia, todas as pressões que enfrentamos, podem ultrapassar nossa capacidade de enfrentamento.
Essa capacidade é em boa parte determinada por nossa genética, mas se as pressões persistirem durante muito tempo, ocorrerem em volume
muito grande, ou ainda se o organismo não possuir condições ideais para enfrenta-las (como por exemplo nas desnutrições sub-clinicas, quando os micronutrientes como vitaminas e aminoácidos estão em quantidade baixa), esseacúmulo pode vir a causar sérios problemas, entre os quais a tristeza, a melancolia e a depressão.
De modo característico, a pressão crônica afeta a liberação do cortisol, nosso corticóide natural, que pode afetar seriamente várias estruturas do cérebro.
Além disso, se a situação gerar o fenômeno do "desamparo aprendido", as chances do desenvolvimento da depressão aumentam muito.
Esse desamparo, em síntese, ocorre quando as pressões geram um estado em que ocorre uma interpretação errônea dos acontecimentos, do tipo "não há nada a ser feito, a realidade é imutável, não tenho instrumentos para modificar nem a minha pessoa, nem o mundo ao meu redor".
Esse pessimismo é incorporado tanto no pensamento quanto nas ações, gerando uma profecia que se auto-realiza, já que essa postura gera resultados comprometidos.
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