Por Christiano Torchi
Muitas teses sociológicas e antropológicas já foram elaboradas para detectar as causas da violência. Uns atribuem a violência à miséria ou à pobreza; outros, à falta de instrução, à mídia, às drogas, ao fanatismo, à superlotação dos presídios etc. Mas onde estaria, realmente, a causa deste mal que ultimamente apresenta sintomas de pandemia?
Detectadas as origens do problema, existiria solução para ele? A instituição de medidas radicais, para conter a violência, ou o endurecimento das leis, seria o bastante, como defendem alguns especialistas?
Dentre todas, uma das facetas mais cruéis da violência é a guerra. Etimologicamente, a palavra “guerra” sempre esteve ligada a discórdia, a luta. Derivada do latim bellum, deu origem ao adjetivo “belicoso” ou “beligerante”, isto é, o estado de ânimo daquele que habitualmente é hostil para com o semelhante.
No sentido trivial, a guerra geralmente é definida como “qualquer combate, com ou sem armas”, ou ainda a “luta armada entre nações, ou entre partidos de uma mesma nacionalidade ou de etnias diferentes”.
E o que desejam os que fazem a guerra? O objetivo da guerra é a imposição da vontade de um dos adversários, por meio da força. Ou, ainda, é “impor supremacia ou salvaguardar interesses materiais ou ideológicos”.
Os Espíritos superiores, ao tratarem da lei moral de destruição, projetaram luz sobre esta tormentosa questão: a guerra é o resultado das paixões exacerbadas do homem, em virtude da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual.
A História relata que, nos primórdios, a guerra era um estado normal para o homem bárbaro, que procurava impor-se ao seu semelhante por intermédio da força bruta. Ante a ausência de normas para regular as relações sociais, prevalecia a vontade do mais forte. Apesar do admirável progresso humano em todos os setores, inclusive com o advento do estado de direito, das legislações democráticas, ainda persistem as guerras, a violência, embora apresentando características diferenciadas.
Há aqueles que defendem a existência das guerras como elemento indispensável ao progresso humano. Só a esse custo poderemos nos libertar do atraso intelecto-moral?
Não há dúvida de que as guerras interferem na História e produzem repercussões importantes sobre a organização política, econômica e social dos povos e das nações. Talvez por isso os mentores da Codificação tenham alertado que o objetivo da Providência ao permitir a guerra é a conquista da liberdade e do progresso. Ocorre que muitas vezes o vencedor submete o vencido. Nesse caso, os mentores esclarecem que tal submissão é momentânea, pois induz os povos a progredir mais depressa.
É quando nos deparamos com a lei de causa e efeito, que traduz a infalível Justiça Divina.
Enquanto o homem persistir nos seus vícios, continuará pagando pesado tributo moral, que lhe granjeará o aprendizado mediante a dor e o sofrimento. Por isso, não estão isentos de culpa aqueles que lançam a Humanidade em combates sangrentos, por ambição. Os flagelos destruidores provocados pelo ser humano representam grave infração às leis morais. Neste caso, muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os crimes de que haja dado causa.
Se, por um lado, a guerra traz seus benefícios, os efeitos colaterais dela, sobretudo aqueles de longo prazo, são tantos e tão rigorosos que não se pode dizer que haja vencidos ou vencedores. Muitos dos responsáveis pelas guerras e os que delas abusam vinculam-se a laços cármicos até que se quitem perante as leis eternas, por meio dos sábios mecanismos instituídos pelo Criador, entre eles o da reencarnação, que reúne os adversários de ontem nos sagrados laços das pátrias e das famílias de hoje.
Agora que Jesus nos enviou o Consolador, que é o Espiritismo redivivo, para restabelecer todas as coisas, prescindimos da divisão e da espada, como exarado na parábola da estranha moral: “À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida”. Por isso, os Espíritos superiores esclarecem que a guerra desaparecerá da face da Terra, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem as leis de Deus. Ora, se ainda há tanta violência na Terra, exacerbada nestes tempos de transição, é porque ainda não estamos vivenciando o suficiente esses princípios.
Pondere-se, de outro lado, que o indivíduo não é culpado pelos assassínios que comete durante a guerra, quando constrangido a lutar, a conservar a própria vida, mas é culpado pelas crueldades e pelos abusos em que incidir. Em compensação, é-lhe contado a favor o sentimento humanitário com que age em tais circunstâncias.
Espíritos de ordem inferior recebem a oportunidade de encarnar e reencarnar entre homens adiantados, para que também progridam, o que explica a existência, no seio da civilização mais evoluída, de criaturas selvagens e de criminosos endurecidos, fatores que igualmente induzem ao aperfeiçoamento das instituições humanas.
Convém ressalvar, contudo, que a guerra, por extensão de sentido, não é apenas aquela em que as nações disputam os chamados interesses da soberania, mas são também os conflitos particulares entre os indivíduos na convivência em sociedade:
[...] os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.
No início da década de 90, em visita ao campo de concentração e trabalhos forçados em Mauthausen, na Áustria, onde foram ceifadas quase 130 mil vidas, dentre os milhões de pessoas que padeceram durante a Segunda Guerra Mundial (1938-1945), o médium Divaldo Pereira Franco sentiu a psicosfera ambiente depressiva e umbralina, como se a dor, o lamento e o desespero se perpetuassem ali, no plano invisível, assinalado por sombras indizíveis. Foi nesse momento que ecoou na consciência do médium a seguinte pergunta, que é a mesma de todos nós: “Por que será que o homem é tão impiedoso, e explodem essas guerras?”. E a resposta veio sem demora:
Porque ainda não tivemos a coragem de lutar contra as nossas paixões; porque ainda cultivamos as pequenas guerras; porque ainda mantemos as nossas pequenas violências, não nos dulcificamos interiormente, não deixamos que o amor nos tranquilize.
[...] De alguma forma, a guerra que acabou lá fora necessita de acabar dentro de nós, pois que só há uma guerra exterior, porque vivemos em conflito íntimo constante, e esses crimes somente são cometidos quando há uma adesão enorme de criminosos.
Um Ayatolá Komeini, um Hitler, um Stalin e outros somente lograram seus tentames porque havia mínis Komeinis, Hítleres, Stalins que, ao grito para o crime, aderiram em massa e cometeram atrocidades, esperando apenas a voz de comando.
Para que esses crimes saiam da Terra é necessário que comecemos em nós o trabalho de instalação do reino de Deus, da piedade fraternal, da tolerância, da benignidade e do amor, para que crueldades como essas que aí estão na TV, em todo o instante, nunca mais aconteçam.
Conclui-se, portanto, que o estado íntimo das pessoas, as guerras individuais, consistentes em duelos de pensamentos, de palavras e de ações, por mais insignificantes pareçam, contribuem para o agravamento da violência, que é retroalimentada pela ação obsessiva recíproca de Espíritos, encarnados e desencarnados, em permanente conúbio, que se encontram na mesma sintonia. A tecnologia, as medidas legislativas, administrativas e sociais, isoladamente, não solucionarão, por si, esses graves problemas que afligem a civilização, enquanto o ser humano não secar a fonte da violência e da ignorância que reside em si próprio. Por isso, nunca foi tão urgente a revisão da nossa conduta ética, em todos os sentidos:
Quando a caridade regular a conduta dos homens, eles conformarão seus atos e palavras a esta máxima: “Não façais aos outros o que não gostaríeis que vos fizessem”. Então, desaparecerão todas as causas de dissensões e, com elas, as dos duelos e das guerras, que são os duelos de povo a povo.
São válidos os movimentos sociais, por meio dos quais rogamos providências às autoridades em favor da paz. Entretanto, eles sozinhos são insuficientes. A construção da paz começa em nossos lares, no trabalho preventivo de educação de nossos filhos e da nossa própria, que tem no ensino religioso um grande aliado.
Detectadas as origens do problema, existiria solução para ele? A instituição de medidas radicais, para conter a violência, ou o endurecimento das leis, seria o bastante, como defendem alguns especialistas?
Dentre todas, uma das facetas mais cruéis da violência é a guerra. Etimologicamente, a palavra “guerra” sempre esteve ligada a discórdia, a luta. Derivada do latim bellum, deu origem ao adjetivo “belicoso” ou “beligerante”, isto é, o estado de ânimo daquele que habitualmente é hostil para com o semelhante.
No sentido trivial, a guerra geralmente é definida como “qualquer combate, com ou sem armas”, ou ainda a “luta armada entre nações, ou entre partidos de uma mesma nacionalidade ou de etnias diferentes”.
E o que desejam os que fazem a guerra? O objetivo da guerra é a imposição da vontade de um dos adversários, por meio da força. Ou, ainda, é “impor supremacia ou salvaguardar interesses materiais ou ideológicos”.
Os Espíritos superiores, ao tratarem da lei moral de destruição, projetaram luz sobre esta tormentosa questão: a guerra é o resultado das paixões exacerbadas do homem, em virtude da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual.
A História relata que, nos primórdios, a guerra era um estado normal para o homem bárbaro, que procurava impor-se ao seu semelhante por intermédio da força bruta. Ante a ausência de normas para regular as relações sociais, prevalecia a vontade do mais forte. Apesar do admirável progresso humano em todos os setores, inclusive com o advento do estado de direito, das legislações democráticas, ainda persistem as guerras, a violência, embora apresentando características diferenciadas.
Há aqueles que defendem a existência das guerras como elemento indispensável ao progresso humano. Só a esse custo poderemos nos libertar do atraso intelecto-moral?
Não há dúvida de que as guerras interferem na História e produzem repercussões importantes sobre a organização política, econômica e social dos povos e das nações. Talvez por isso os mentores da Codificação tenham alertado que o objetivo da Providência ao permitir a guerra é a conquista da liberdade e do progresso. Ocorre que muitas vezes o vencedor submete o vencido. Nesse caso, os mentores esclarecem que tal submissão é momentânea, pois induz os povos a progredir mais depressa.
É quando nos deparamos com a lei de causa e efeito, que traduz a infalível Justiça Divina.
Enquanto o homem persistir nos seus vícios, continuará pagando pesado tributo moral, que lhe granjeará o aprendizado mediante a dor e o sofrimento. Por isso, não estão isentos de culpa aqueles que lançam a Humanidade em combates sangrentos, por ambição. Os flagelos destruidores provocados pelo ser humano representam grave infração às leis morais. Neste caso, muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os crimes de que haja dado causa.
Se, por um lado, a guerra traz seus benefícios, os efeitos colaterais dela, sobretudo aqueles de longo prazo, são tantos e tão rigorosos que não se pode dizer que haja vencidos ou vencedores. Muitos dos responsáveis pelas guerras e os que delas abusam vinculam-se a laços cármicos até que se quitem perante as leis eternas, por meio dos sábios mecanismos instituídos pelo Criador, entre eles o da reencarnação, que reúne os adversários de ontem nos sagrados laços das pátrias e das famílias de hoje.
Agora que Jesus nos enviou o Consolador, que é o Espiritismo redivivo, para restabelecer todas as coisas, prescindimos da divisão e da espada, como exarado na parábola da estranha moral: “À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida”. Por isso, os Espíritos superiores esclarecem que a guerra desaparecerá da face da Terra, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem as leis de Deus. Ora, se ainda há tanta violência na Terra, exacerbada nestes tempos de transição, é porque ainda não estamos vivenciando o suficiente esses princípios.
Pondere-se, de outro lado, que o indivíduo não é culpado pelos assassínios que comete durante a guerra, quando constrangido a lutar, a conservar a própria vida, mas é culpado pelas crueldades e pelos abusos em que incidir. Em compensação, é-lhe contado a favor o sentimento humanitário com que age em tais circunstâncias.
Espíritos de ordem inferior recebem a oportunidade de encarnar e reencarnar entre homens adiantados, para que também progridam, o que explica a existência, no seio da civilização mais evoluída, de criaturas selvagens e de criminosos endurecidos, fatores que igualmente induzem ao aperfeiçoamento das instituições humanas.
Convém ressalvar, contudo, que a guerra, por extensão de sentido, não é apenas aquela em que as nações disputam os chamados interesses da soberania, mas são também os conflitos particulares entre os indivíduos na convivência em sociedade:
[...] os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.
No início da década de 90, em visita ao campo de concentração e trabalhos forçados em Mauthausen, na Áustria, onde foram ceifadas quase 130 mil vidas, dentre os milhões de pessoas que padeceram durante a Segunda Guerra Mundial (1938-1945), o médium Divaldo Pereira Franco sentiu a psicosfera ambiente depressiva e umbralina, como se a dor, o lamento e o desespero se perpetuassem ali, no plano invisível, assinalado por sombras indizíveis. Foi nesse momento que ecoou na consciência do médium a seguinte pergunta, que é a mesma de todos nós: “Por que será que o homem é tão impiedoso, e explodem essas guerras?”. E a resposta veio sem demora:
Porque ainda não tivemos a coragem de lutar contra as nossas paixões; porque ainda cultivamos as pequenas guerras; porque ainda mantemos as nossas pequenas violências, não nos dulcificamos interiormente, não deixamos que o amor nos tranquilize.
[...] De alguma forma, a guerra que acabou lá fora necessita de acabar dentro de nós, pois que só há uma guerra exterior, porque vivemos em conflito íntimo constante, e esses crimes somente são cometidos quando há uma adesão enorme de criminosos.
Um Ayatolá Komeini, um Hitler, um Stalin e outros somente lograram seus tentames porque havia mínis Komeinis, Hítleres, Stalins que, ao grito para o crime, aderiram em massa e cometeram atrocidades, esperando apenas a voz de comando.
Para que esses crimes saiam da Terra é necessário que comecemos em nós o trabalho de instalação do reino de Deus, da piedade fraternal, da tolerância, da benignidade e do amor, para que crueldades como essas que aí estão na TV, em todo o instante, nunca mais aconteçam.
Conclui-se, portanto, que o estado íntimo das pessoas, as guerras individuais, consistentes em duelos de pensamentos, de palavras e de ações, por mais insignificantes pareçam, contribuem para o agravamento da violência, que é retroalimentada pela ação obsessiva recíproca de Espíritos, encarnados e desencarnados, em permanente conúbio, que se encontram na mesma sintonia. A tecnologia, as medidas legislativas, administrativas e sociais, isoladamente, não solucionarão, por si, esses graves problemas que afligem a civilização, enquanto o ser humano não secar a fonte da violência e da ignorância que reside em si próprio. Por isso, nunca foi tão urgente a revisão da nossa conduta ética, em todos os sentidos:
Quando a caridade regular a conduta dos homens, eles conformarão seus atos e palavras a esta máxima: “Não façais aos outros o que não gostaríeis que vos fizessem”. Então, desaparecerão todas as causas de dissensões e, com elas, as dos duelos e das guerras, que são os duelos de povo a povo.
São válidos os movimentos sociais, por meio dos quais rogamos providências às autoridades em favor da paz. Entretanto, eles sozinhos são insuficientes. A construção da paz começa em nossos lares, no trabalho preventivo de educação de nossos filhos e da nossa própria, que tem no ensino religioso um grande aliado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário